Dissertando sobre... Moda conceitual
Sabe aqueles desfiles que todo mundo diz que não entende, que as pessoas se questionam qual seria sua utilidade? Pois é, isto a grosso modo poderia-se dizer que é a tal moda conceitual. Mas diferentemente do que muita gente pensa eles têm sim uma utilidade: passar uma idéia ou um conceito sobre o que representa a coleção; ou ainda questionar e gerar reflexão sobre a moda e outros valores da contemporaneidade.
Ok, vamos começar entendendo pela história: tudo se iniciara com as manifestações artísticas conceituais- este modelo de arte irá valorizar a idéia, pois esta seria a própria “matéria da arte”, enquanto a própria matéria, ou seja, a obra de arte, perde sua relevância, já que o importante é a idéia por trás do objeto- e não o objeto em si. Foi daí que surgira a moda conceitual- após as artes plásticas de conceito, manifestando-se principalmente a partir da década de 90 diluindo criativamente o limite entre os mundos de arte e moda, representando nesta época, um ponto significativo nesse desenvolvimento de um intensificado fenômeno arte/moda com alcance maior em seu efeito ao resultar em produções de desfile de moda que se comunicam através da arte performática.
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Coleção Voss McQueen |
Já é sabido que Mc Queen muitas vezes inseria em suas coleções temas inquietantes, com um objetivo de causar reflexão: “Meus desfiles eram provocantes por uma razão: a necessidade de se fazer notar (...) você pode não gostar do que faço, mas ao menos o que faço leva você a pensar.”
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Coleção "A Costura do Invisível" |
Já dentre os criadores da moda conceitual aqui no Brasil, o nome que mais se destaca é sem dúvidas, Jum Nakao, bastante comentado por seu desfile no São Paulo Fashion Week edição 2004. Ao propor uma reflexão acerca da efemeridade da moda, Nakao nos mostrou que a “moda é um meio e não um fim em si mesmo”.
Suas modelos vestiam roupas de papel vegetal rendados que remetiam ao século 19. O visual era complementado com um body preto, perucas playmobil, batom preto e cílios com máscaras brancas, criando assim um caráter lúdico ao desfile
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Hussein Challayan |
Creio que já foi possível entender que moda conceitual e moda comercial são um tanto quanto diferentes. Particulamente sempre fui partidária da idéia de que estas manifestações de moda são um tipo de arte, e os desfiles, palco para uma apreciação e reflexão artística. Celebremos: Vive Le Concept de La Mode!
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